O Abismo do Mundo
Mundo que é consumista:
Só importa o que se tem.
Em que o “ser” não vale nada,
Só o “ter” e o se dar bem.
Mundo de contradições:
Entre a riqueza e a pobreza,
Entre a favela e as mansões,
Entre a fome e a sobremesa.
Mundo em que se goza
Ao se usar uma etiqueta
De uma marca famosa
Numa reles camiseta.
Mundo do capital
Que desconhece o humano.
É cálculo frio e, ao final,
Um colapso mundano.
Mundo das informações
Que amedrontam e emburrecem,
Provocam mil sensações
E logo se desvanecem.
Mundo esse que implode,
Modelo nefelibata.
Concentra tudo que pode
Nas mãos de alguns magnatas.
Mundo de disparidades:
Mata-se em nome da paz,
Do amor e da bondade,
Até não se poder mais.
Mundo que gera o desmundo:
Às drogas que a fuga leva.
Viver no sono profundo,
Fechar os olhos às trevas.
Mundo da drogadição,
Hoje já banalizada.
Pra cada situação,
Mil drogas legalizadas.
Cartelas de rivotril,
Pra suportar a pressão
De viver nesse covil
Do financismo pagão.
À noite, se a insônia bate,
Dá-se um dormonid nela,
Pra permitir que o desgaste
Nos sonhos vire aquarelas...
Beleza é imposição,
Mesmo que anabolizada,
Pra não fugir do padrão.
Saúde não vale nada.
Vai-se virar noite e dia
Para alcançar o sucesso?
A ritalina alivia,
Tirando o sono de perto.
Que o super-homem não pare!
Tem que ser o rei do sexo.
Viagra, Levitra, e Cialis
São partes desse processo.
Na fuga dessa loucura –
Do vazio dos sentidos –
O ecstasy leva às alturas
Sobre o abismo do perigo.
Mas para o vazio na alma,
O oco do mundo insano,
Repleto de dor e traumas,
Drogas só aumentam o dano.
Mundo hoje interligado,
Grande aldeia virtual.
E de contrastes marcados,
Na esfera do real.
Mundo do lixo atômico,
Do lixo plastificado,
Do lixo não econômico,
Lixo dos metais pesados.
O lixo do luxo inútil,
O inútil grito de alerta!
Nesse processo inconsútil,
A morte do mundo é certa.
Mundo que se desfaz.
Iremos juntos também?
Pergunta que subjaz,
Resposta que não me vem.
*Rosivaldo Toscano Jr. é juiz de direito e membro da Associação Juízes para a Democracia - AJD
excelente!
ResponderExcluirMe emocionei...musical na denúncia e advertência, parabéns por fazer poesia!
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