Hitler pariu o nazismo, mas quem pariu Hitler?


Hoje a França celebra mais um aniversário da libertação de Paris do jugo nazista. Isso me leva a uma reflexão sobre Hitler, o nazismo e quais lições podemos tirar. Hitler pariu o nazismo e todos nós já sabemos no que deu. Mas o mais importante é saber: quem pariu Hitler? Hitler não foi um gênio do mal capaz de hipnotizar multidões, de deturpar e envenenar corações, de construir um partido e uma ideologia totalitária. Hitler pariu nazismo? De certa forma, Hitler é que foi parido. Ele manipulou o medo e o preconceito, e capitalizou os efeitos da obediência à autoridade e da conformidade social, é verdade. Mas ele não criou o antissemitismo, ele não criou a xenofobia, a intolerância, a megalomania e a desumanidade, pois elas já estavam lá. Ele apenas despertou o que já estava latente; foi um catalisador das crenças de milhões e milhões de alemães daquela época. 

A pessoa de Adolf Hitler morreu em 1945, mas precisamos compreendê-lo, no que ele despertou, não como pessoa, mas como um arquétipo. Já havia um pequeno Hitler adormecido em muitos alemães, esperando uma voz que o acordasse. Ele foi essa voz. Hitler enquanto arquétipo da barbárie, da violência, do totalitarismo e do mal. Os milhões de gatilhos apertados, as milhões de bomba lançada, os milhões de judeus asfixiados nas câmaras de gás, não foram o resultado de atos individuais. Foram uma obra coletiva da qual milhões de alemães, por ação ou omissão, grito ou silêncio, palavras ou gestos, foram coautores, escrevendo sua mácula na história da Alemanha e mundo. Que lições a história da Alemanha tem a nos ensinar? Muitas!

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