Galináceo Jurisdicional



Contou-me uma colega da magistratura paraense que uma juíza no início da carreira, numa Comarca no coração do Pará, foi fazer uma audiência de alimentos cuja beneficiária era uma criança de cinco anos.
A mãe entrou trazendo consigo o requerente, um menino barrigudo de tanto verme. E começou a relatar as necessidades de toda ordem a que ela e a criança eram submetidas:
- “Dotora”, moro de favor na granja de seu Chimbinha, num barraco encostado no galinheiro da propriedade. Não podemos nem dormir direito porque antes das quatro da manhã o galo começa a cantar no ouvido da gente. Meu filho ta aí, ó, doente e barrigudinho. O menino não vai pra escola porque é distante, passa o dia todo pegando no pintinho, fica com a mão suja e depois dá coceira nele.
Preocupada com as condições da criança, a juíza interrompeu a mulher, para lhe passar um carão:
- Tá vendo essa barriguinha inchada dele? A senhora não pode deixar seu filho pegar no pintinho e nas galinhas. As aves transmitem muitas doenças... – e passou a dar noções de higiene para a mulher.
A mãe do pequeno requerente ficou olhando para a juíza e franzindo a testa.
Em seguida, o Diretor de Secretaria se aproximou todo envergonhado da juíza e disse, baixinho:
- Doutora, não é pintinho de galinha, é pinto de homem!
A juíza sorriu e corou, mas não querendo parecer que perdeu a razão, emendou:
- Tá, entendi. Mas mesmo assim, siga meu conselho, não deixe seu filho se aproximar do galinheiro, viu?!

Comentários

  1. Encaminho meus sinceros parabéns pela obra "O escultor da alma". Li referida obra hoje, e gostei muito da mensagem existente nela.

    "O sol que escalda o deserto é o mesmo que anima o bosque."

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