Privilégio - o filho da verdadeira Violência



Gravura extraída do site Geopolítica Brasil


Quanto menores os injustos privilégios dos poucos abastados, maiores os benefícios aos muitos necessitados. 
Precisamos desvelar o que é violência. Seu conceito foi reduzido a uma mera agressão individual física e patrimonial. Essa é a violência com “v” minúsculo – a violência banalizada das ruas. Mas a Violência, com “V”, precisa ser entendida como a desconsideração do outro como igual, como uma prática de desrespeito à dignidade do outro enquanto sujeito de direitos, numa ordem conjuntural.
Uma Violência que se normaliza enquanto realidade social marcada por uma tremenda desigualdade econômica e de tratamento. A verdadeira Violência está aí, embora que obnubilada, tornada invisível pela cotidianidade. 
A Violência está no rosto de cada doente nas filas dos hospitais públicos. Está na ausência de sorriso de cada criança que tenta, em vão, estudar em escolas públicas dilapidadas. Está nos olhos sofridos pelas intempéries da vida dos que sobrevivem nas favelas. 
A Violência está no desprezo dos insensíveis. A Violência grita “estou aqui” na criminalização dos movimentos sociais que lutam exatamente contra ela. Afinal, a Violência precisa se mascarar como discurso que defende a ordem – seu embuste covarde e mentiroso. 
A Violência grita “estou aqui” nos privilégios dos poucos abastados e nas privações dos muitos oprimidos. A Violência é da ordem da desigualdade. Tem a dimensão que têm as relações desiguais de poder entre os privilegiados e os prejudicados. Somos, sim, um país muito Violento. Não existirá, nunca, paz com tanta Violência.


*Rosivaldo Toscano Jr. é juiz de direito no RN e membro da Associação Juízes para a Democracia - AJD

Comentários

  1. Eu já cansei de escutar colegas meus na Faculdade de Direito dizerem: "têm que matar todos esses vagabundos" e tenho medo deles um dia tornarem-se Operadores do Direito com força para tanto, por meio do sistema prisional brasileiro. Como afirma Sidinei Brzuska:
    "(...)Desconheço qualquer país do mundo, cujo ordenamento jurídico permita a pena máxima, que tenha aplicado, em tão curto espaço de tempo, tantas penas de morte."

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  2. Caro Rosivaldo, lendo o seu texto lembrei do que foi publicado ontem por Gutemberg Cabral, professor de Ambiental da UEPB e da FACET, no facebook. Segue o texto, (ele também postou uma fotografia)


    POLêMICA> Nas quartas feiras no Shopping Tambiá jovens excluídos fazem um movimento sem querer> O NOP( Não a Obsolescência Programada) e deixam as elites de Jampa horrorizadas!

    Todas as quartas no Tambiá aqui no centro de Jampa, jovens da periferia ocupam aquele palco do consumismo e expõe os seus desejos de serem incluídos nessa tal de sociedade democrática!(sic). Segundo estudo de comportamento o desejo do jovem pobre é o mesmo desejo do jovem abastardo, ele quer usar um tênis da moda para se sentir gente, quer se agregar! Para alguns eles estão mesmo sem querer deflagrando um movimento da Não Obsolescência Programada, porque ninguém consegue ou alguns tem medo de comprar coisas nesse dia no Tambiá! E pergunto será que esse movimento vai se estender para os outros shopping da cidade? E isso é uma saída contra essa vontade de consumir tudo e a destruir o meio ambiente?Aonde vamos parar?
    Foto: POLêMICA> Nas quartas feiras no Shopping Tambiá jovens excluídos fazem um movimento sem querer> O NOP( Não a Obsolescência Programada) e deixam as elites de Jampa horrorizadas! Todas as quartas no Tambiá aqui no centro de Jampa, jovens da periferia ocupam aquele palco do consumismo e expõe os seus desejos de serem incluídos nessa tal de sociedade democrática!(sic). Segundo estudo de comportamento o desejo do jovem pobre é o mesmo desejo do jovem abastardo, ele quer usar um tênis da moda para se sentir gente, quer se agregar! Para alguns eles estão mesmo sem querer deflagrando um movimento da Não Obsolescência Programada, porque ninguém consegue ou alguns tem medo de comprar coisas nesse dia no Tambiá! E pergunto será que esse movimento vai se estender para os outros shopping da cidade? E isso é uma saída contra essa vontade de consumir tudo e a destruir o meio ambiente? Aonde vamos parar?

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