Livres para consumir? Escravos do consumismo - um poema e uma reflexão

Imagem: Coletivo Verde
Poema:

Livres para consumir? Escravos do consumismo

A inversão/perversão consumista é assim:
No lugar da necessidade real,
O vazio ilusório e insaciável do desejo.
Vive-se pelo ter?
Morre-se pelo ter.
Mata-se pelo ter.
Quando temos algo pelo consumismo,
Sempre estamos matando algo.
Ou alguém.
Matar para consumir o desnecessário
E preencher o vazio de um sem-sentido.
Sem sentir...
É o buraco-negro.
Livres para consumir? Escravos do consumismo.

 
 
 
Reflexão:
 
É bem verdade que estamos imersos em uma realidade consumista e que muitas vezes caímos nesse impulso, afinal, trata-se de uma razão instrumental: a propaganda é feita por especialistas que estudam o comportamento humano de modo a melhor despertar o desejo.
É preciso estar atento e refletir antes de comprar. Tornar um hábito essa reflexão. Um behaviorismo inverso, por assim dizer, descondicionar-se. Se não é possível completamente, pelo menos em certa medida sempre é. 
Acho que dois passos são importantes. O primeiro se dirige ao agora: o nosso despertar. Já parou para dar uma olhada no seu guarda-roupas? (eu dei.  Doei pelo menos metade do que tinha nele...). Estar alerta para o impulso de consumir. E o segundo, ao futuro: educar nossos filhos para um consumo racional. Presente não substitui afeto.
Uma pequena parcela da população do planeta o está destruindo e a maioria passa fome e necessidades de todo tipo, e sofre com as mudanças climáticas.
A questão não é só deixar hoje um mundo melhor para o futuro, para os nossos descendentes, mas, também, deixar descendentes melhores para o mundo futuro.
Ética não é somente uma atitude para com quem está ao nosso lado, mas para quem, um dia, aqui estiver quando já tivermos partido. Será que nossa geração deixará saudades? A verdadeira ética não é só espacial. É histórica. É intergeracional.



* Rosivaldo Toscano Jr. é juiz de direito e membro da Associação Juízes para a Democracia - AJD

Comentários

  1. É exatamente isso! Gostei do poema e principalmente da reflexão. Parabéns!

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  2. Primeiramente obrigado pelo ótimo texto.
    Já reparou nos 4 naipes dos baralho? representam as 4 motivações humanas: FORÇA (paus), BELEZA (ouros), atração sexual (copas) e controle (espadas). O controle também pode ser chamado de de BONDADE, uma vez que se manifesta principalmente no desejo de tornar os outros bons (também mas não só pelo exemplo). Também é possível organizar estas motivações humanas em apenas três ao invés dos quatro naipes fazendo derivar a atração da combinação da bondade com a beleza. Não somente a atração mas várias características podem ser compostas a partir da combinação destes três elementos da mesma forma que se compõem muitas cores a partir das três básicas.
    A ligação entre consumismo e beleza pode ser bem compreendida a partir do conceito de "fenótipo estendido" da psicologia evolucionista. Quando apenas uma ou duas das três motivações humanas é privilegiada em relação às outras temos uma personalidade (se em um indivíduo) ou uma ideologia desequilibrada (se em um grupo humano). O consumismo seria a preponderância da beleza sobre a força e a bondade. O socialismo a preponderância da bondade sobre a força e a beleza. O nazismo a preponderância da força e da beleza sobre a bondade. O estoicismo o da força e da bondade sobre a beleza, O libertarismo a da beleza de da bondade sobre a força e o estatismo o contrário. Eu poderia dar mais exemplos e colocar de forma gráfica mas como grande parte das pessoas tem uma preferencia temporal imediatista pode não ser boa ideia explicar demais à gente demais... quando estivesse tudo esclarecido quem os salvaria do próprio imediatismo? Também teria boas idéias sobre os significados dos números e das figuras (seria uma engenharia revesa do baralho) para compartilhar com pessoas suficientemente responsáveis...

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