"Voto no Tomás Nonô"
Numa determinada Comarca de um estado do Nordeste, há muitos anos, na época que a eleição era feita por meio de cédulas de papel e a contagem manual, a disputa para o cargo de vereador estava acirradíssima.
A confusão era grande na hora da contagem dos votos, uma vez que com a expressiva quantidade de votantes analfabetos funcionais, muitas vezes o que saía escrito na cédula não era claro, e se tornava motivo de muita discussão e impugnações.
O pior é que a paixão dava aos fiscais de cada coligação a criatividade de enxergar o nome dos seus candidatos até nas nuvens que se formavam no horizonte.
Verdadeiros garranchos produzidos nas cédulas ganhavam interpretações fantasiosas. Para piorar o quadro, a ordem dada pelas coligações no seu quartel-general era para que os fiscais tentassem até as últimas conseqüências ou convencer que o voto tinha sido num dos candidatos dela ou, em caso negativo, anulá-lo. A tática de guerra era de que um voto a menos pros candidatos do “lado de lá” já era uma vitória.
A contagem se dava no grito mesmo, cédula a cédula, cargo a cargo, e era anotada num boletim. O escrutinador pegou uma cédula e anunciou em voz alta:
- Prefeito: em branco. Vereador: nulo.
Como se abria a possibilidade de converter o voto nulo para seu candidato, um urubu de cada uma das duas chapas avançou faminto e destemido sobre a pobre cédula. Um deles foi logo berrando:
- Tá aqui ó – apontando para os garranchos. Tá escrito “Voto Tomás Nonô”!
- Mentira! Voto nulo! – retrucou o outro – sem sequer ter lido o que havia escrito na cédula.
Descambaram para a luta livre. Direto daqui, cruzado dali, golpe baixo...
Chamaram a polícia para conter os gladiadores.
O magistrado, que acabara de chegar ao local após o almoço, foi conferir o que se passava. A cédula da discórdia lhe foi entregue. O candidato a vereador Tomás Nonô foi se aproximando do juiz já anunciando – mesmo antes de olhar a disputada folhinha de papel –, que o voto era seu.
O magistrado, impassível, analisou por uns cinco segundos a cédula e falou:
- Se o senhor acha que ele se dirigiu ao senhor ao votar... – dobrando e entregando com tranquilidade ao candidato, e saindo de perto.
O Tomás Nonô tomou-a com gosto, abriu-a e, sem necessidade de usar de muita criatividade, conferiu o que os garranchos diziam:
“Vão Tomar no...”
A confusão era grande na hora da contagem dos votos, uma vez que com a expressiva quantidade de votantes analfabetos funcionais, muitas vezes o que saía escrito na cédula não era claro, e se tornava motivo de muita discussão e impugnações.
O pior é que a paixão dava aos fiscais de cada coligação a criatividade de enxergar o nome dos seus candidatos até nas nuvens que se formavam no horizonte.
Verdadeiros garranchos produzidos nas cédulas ganhavam interpretações fantasiosas. Para piorar o quadro, a ordem dada pelas coligações no seu quartel-general era para que os fiscais tentassem até as últimas conseqüências ou convencer que o voto tinha sido num dos candidatos dela ou, em caso negativo, anulá-lo. A tática de guerra era de que um voto a menos pros candidatos do “lado de lá” já era uma vitória.
A contagem se dava no grito mesmo, cédula a cédula, cargo a cargo, e era anotada num boletim. O escrutinador pegou uma cédula e anunciou em voz alta:
- Prefeito: em branco. Vereador: nulo.
Como se abria a possibilidade de converter o voto nulo para seu candidato, um urubu de cada uma das duas chapas avançou faminto e destemido sobre a pobre cédula. Um deles foi logo berrando:
- Tá aqui ó – apontando para os garranchos. Tá escrito “Voto Tomás Nonô”!
- Mentira! Voto nulo! – retrucou o outro – sem sequer ter lido o que havia escrito na cédula.
Descambaram para a luta livre. Direto daqui, cruzado dali, golpe baixo...
Chamaram a polícia para conter os gladiadores.
O magistrado, que acabara de chegar ao local após o almoço, foi conferir o que se passava. A cédula da discórdia lhe foi entregue. O candidato a vereador Tomás Nonô foi se aproximando do juiz já anunciando – mesmo antes de olhar a disputada folhinha de papel –, que o voto era seu.
O magistrado, impassível, analisou por uns cinco segundos a cédula e falou:
- Se o senhor acha que ele se dirigiu ao senhor ao votar... – dobrando e entregando com tranquilidade ao candidato, e saindo de perto.
O Tomás Nonô tomou-a com gosto, abriu-a e, sem necessidade de usar de muita criatividade, conferiu o que os garranchos diziam:
“Vão Tomar no...”
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