Tapuru

Na comarca de Campo Grande, interior do Rio Grande do Norte, a então juíza titular realizava o interrogatório de um réu.
O cidadão tinha o sugestivo apelido de “Tapuru”. Era um ladrão de galinhas sem cura, um sujeito jovem, magro, taciturno e de aspecto sujo.
Era época de muitas moscas. E nem mesmo a sala de audiências escapou. Logo que começou a colher as repostas do acusado, eis que a magistrada, para o próprio constrangimento, engoliu um dos pequenos insetos, e começou a tossir. Perguntaram o que havia ocorrido, tendo a mesma respondido com difuldade. Dirigiu-se apressadamente ao banheiro.
Ao voltar, após alguns minutos e uns goles de água, o defensor do acusado questionou:
- Doutora, conseguiu tossir a mosca?
- Não sei dizer, Doutor.
Enquanto isso, foram interrompidos pelo acusado que, com ar professoral, de quem conhecia da matéria, arrematou:
- Se preocupa não, doutora. Mosca até que é bom.
Entre surpresos e enojados, olharam todos para o acusado, que sorriu timidamente.
Só poderia mesmo ter o apelido de Tapuru...

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