Testemunha com Amnésia


Um advogado do Ceará me contou essa história que ocorreu durante uma sessão do Tribunal do Júri em Fortaleza, no fórum Clóvis Beviláqua.
Vizinho ao plenário havia um dos cartórios criminais e o meirinho, ao fazer o pregão, chamou nominalmente as testemunhas que seriam ouvidas. Uma a uma as testemunhas foram se levantando, à medida que os seus nomes era chamados.
Logo no primeiro depoimento o juiz conferiu o nome da testemunha e passou a inquiri-la:
- Qual o nome completo do senhor?
- Francisco Evangelista de Oliveira.
- Senhor Francisco, o que viu naquela noite?
- Que noite, doutor?
- A noite em que Manoel Etelvino matou Hermenegildo Julião.
- Nada.
O magistrado insistiu na pergunta, informando se ele se lembrava de ter prestado depoimento na polícia e dito que tinha visto o acusado esfaqueando a vítima e fugindo. Novamente a resposta foi negativa.
Intrigado, o magistrado pediu que a testemunha fosse até o birô e conferisse sua assinatura. A testemunha negou que fosse sua.
- Dotô, num sei lê. Sou "anarfabeto" – E completou:
- Nem sabia que iria dar tanto “pobrema” vir aqui. Tava ali esperando ser chamado no Cartório para receber uns “papel”. Chegou um “homi” de preto me chamando pelo nome e me mandando sentar numa sala cheia de gente que nunca vi. Povo estranho. Mas tive que esperar um tempão. O “homi” de preto disse que eu iria ser o primeiro. Fiquei feliz. Só num sabia que iria ter esse interrogatório todo só pra tirar uma certidão de "antecendente" para emprego!
Só então o magistrado percebeu que se tratava, na verdade, de um homônimo...

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